quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ore hoje!


Por Igor Miguel


Tenho buscado de Deus uma espiritualidade que lhe agrade. Não quero uma espiritualidade pietista, subjetivista, eu quero me sentir como indivíduo, porém, ligado a uma comunidade. Quero me sentir como membro de um corpo, não fora dele.

Sempre me alegro quando o Espírito Santo me traz a consciência que estou unido com Cristo por mistério e graça. Que de alguma forma o batismo me revestiu de Jesus.

Quero uma espiritualidade em que a oração não é penosa, mas acolhedora e exortiva, simultaneamente confrontadora e consoladora. Quero orar guiado pela suavidade do Espírito Santo, que me conduz a consciência de que o pão e o vinho que segurei em minhas mãos na última ceia, anunciam a morte e ressurreição, o sepultamento e reconstituição, a morte do velho homem e surgimento de uma vida completamente nova.

Quero entoar salmos e cânticos espirituais, quero tanger a corda do meu coração cantando canções de amor e gratidão. Estou em busca de uma vida cheia do Espírito Santo, sensível, amorosa, honesta, que transpareça a graça que alcança todos os dias pecadores e homens altivos como eu.

Não quero ostentar meus feitos, minhas ações são fruto de graça, não são uma propaganda de uma religiosidade autônoma que ainda não entendeu a grandeza de Cristo. Jesus não pode ser um acessório, vulgarmente usado para justificar minhas pretensões religiosas, ao contrário, Jesus Cristo é o núcleo, a pedra angular, donde todas as coisas irradiam.

Quero uma espiritualidade cristocêntrica, fundada no Emanuel, naquele que revelou quem é Deus, projeção e expressão exata do Seu ser. Quero a eleição do Pai, a redenção do Filho e o selo do Espírito Santo (Efésios capítulo 1). Quero ser conduzido por uma vida consciente de que nossa história vem sendo conduzida por um Deus de amor soberano até que alcancemos aquilo que aquele homem judeu é: varão perfeito, Jesus Cristo homem e Deus.

Faça uma oração hoje!


_______________


UNIÃO COM CRISTO
(uma oração puritana)

Ó PAI,
Fizeste o homem para tua glória,
e quando ele não serve a este propósito,
de nada serve;
Nenhum pecado é maior do que o pecado da incredulidade,
pois se a união com Cristo é o maior bem,
a incredulidade é o maior dos pecados,
é contrariar tua vontade;
Vejo que, seja qual for o meu pecado,
nada se compara a estar longe de Cristo pela incredulidade.
Senhor, livra-me de cometer o pecado
maior de me apartar dele,
pois aqui nunca poderei obedecer
e viver perfeitamente para Cristo.
Quando tu retiras minhas bençãos exteriores,
é por causa do pecado,
de não reconhecer que tudo que tenho vem de ti,
de não servir-te com tudo que tenho,
de sentir-me seguro e fortalecido em mim mesmo.
Bençãos legítimas tornam-se ídolos secretos,
e causam grande dano;
a grande injúria está em apegar-se ao ter,
o grande bem consiste em dar.
Por amor me privaste de bênçãos,
para que glorificasse mais a ti;
removeste o combustível do meu pecado,
para que eu pudesse apreciar
o ganho de uma pequena santidade
como a contrapartida de todas as minhas perdas.
Quanto mais te amo com um
amor verdadeiramente gracioso
mais desejo te amar,
e mais miserável sou na minha falta de amor;
Quanto mais tenho fome e sede de ti,
mais vacilo e falho em te encontrar;
Quanto mais meu coração está quebrantado pelo pecado,
mais oro para que ele seja quebrantado ainda mais.
Meu grande mal é que não relembro
os pecados da minha juventude;
de fato, os pecados de hoje, amanhã já os esqueci.
Livra-me de tudo aquilo que conduz à incredulidade
ou à falta do sentimento de união com Cristo.

Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Extraído de: The Valley of Vision:
A Collection of Puritan Prayers & Devotions,
organizado por Arthur Bennett, p.20

Ensinando a Teoria da Evolução- Por Willian Lane Craig



Esse pequeno texto foi traduzido do site official do Craig respondendo a uma cristã que é professora e tem duvidas quando a ensinar a teoria da evolução nas aulas..Achei riquissimo!!!!



Ensinando a Teoria da Evolução
Sou uma professor de ensino médio de geologia e ciência ambiental. Tenho ficado muito desconfortável em ensinar o currículo que inclui as típicas “provas” da evolução. Estaria eu traindo a Cristo por cegamente repetir o que eles querem que eu diga? Eu poderia justificar minhas ações dizendo que eles devem “conhecer o inimigo”?

Qualquer ajuda será muito bem vinda!

Sucesso!

Sarah


Resposta do Dr. Craig:

Como estamos começando o segundo ano do site Reasonable Faith, eu acho que está é uma boa questão para ser abordada.

Sarah, eu acho que você tem uma oportunidade maravilhosa nas mãos! Ser um professor é uma tarefa sagrada. Repetir cegamente o que você não acha correto não é trair apenas a Cristo, mas também sua vocação como professora e também trair os pais e os estudantes que confiam em você.

Todos nós que ensinamos precisamos às vezes ensinar pontos de vista com os quais nós discordamos. Ao fazer isto nós temos a obrigação de apresentar estes pontos de vista de forma justa antes da crítica a eles. A teoria da evolução não é importante apenas cientificamente, mas ela é importante também na cultura, e nos dias de hoje é imperativo que nossos estudantes a entendam detalhadamente. Então você precisa ensinar a eles a teoria muito bem.
Mas isto não significa que você precisa apresentar falsidades como verdades. Ensine aos seus alunos que a teoria defende este e aquele ponto. Então discuta como a teoria se adéqua aos fatos. Apresente os prós e contras da teoria em termos naturalistas, então o aspecto religioso simplesmente não será tocado. Para dar um exemplo mais neutro, suponha que você esteja ensinando sobre cosmologia. Você discutiria um pouco sobre o quadro histórico anterior ao enunciado de Einstein da sua Teoria Geral da Relatividade. Então você mostraria a eles como Einstein aplicou sua teoria ao universo como um todo e quais predições ela acertou. Você falaria sobre as soluções que Friedman e Lemaitre apresentaram para as equações de Einstein para um universo em expansão. Você falaria sobre as descobertas empíricas que confirmaram esta teoria. Então você falaria sobre teorias alternativas, como a teoria do estado estacionário ou as teorias oscilatórias.

Por que você não pode fazer a mesma coisa ao ensinar a teoria biológica darwinista? Descreva os problemas e as perplexidades que Darwin encarou e qual teoria ele propôs para resolvê-las. Mostre como sua teoria originou precisou do apoio da genética de Mendel. Descreva como a teoria evolucionista se desenvolveu desde então. Então você poderá explorar os pontos fortes e os pontos fracos da abordagem neodarwinista. Você pode dizer que esta teoria é o paradigma que domina a biologia nos dias de hoje, e que ela é esmagadoramente aceita. Um bom exemplo desta abordagem é o livro editado por Stephen Meyer, Explore Evolution (Melbourne: Hillhouse, 2007).

Você não precisa citar Deus ou a criação ou mesmo a teoria do design inteligente. Apenas pese os méritos e os deméritos da teoria. Afinal de contas, rejeitar a teoria evolucionária neodarwinista não implica abraçar uma alternativa sobrenatural. Eu acho que nós podemos ficar razoavelmente confiantes que, dadas as inadequações explicativas dos mecanismos de mutação genética, até o fim deste século a teoria evolutiva atual terá se transformado em uma teoria evolutiva diferente, com mecanismo adicionais. Então todos dirão, como disseram antes, “Bem, todos nós sabíamos que os velhos mecanismo explanatoriamente deficientes, mas agora nós resolvemos este problema!”


Traduçào: Eliel Vieira

terça-feira, 19 de julho de 2011

ESCÂNDALO: A CRUZ E A RESSURREIÇÃO DE JESUS - D. A. CARSON


D. A. Carson faz uma análise e exposição de cinco textos bíblicos que falam do ponto central da fé cristã



Ficha Técnica:


Nesta obra, D. A. Carson faz uma análise e exposição de cinco textos bíblicos que falam do ponto central da fé cristã, a cruz e a ressureição de Cristo. O objetivo principal de Carson é expor o que as primeiras testemunhas da morte e da ressurreição de Jesus escreveram. As palavras dessas testemunhas estão preservadas na Bíblia, e os capítulos deste livro são exposições de cinco passagens da Bíblia que tratam desses assuntos.

O público principal para esta obra são pastores, líderes e estudantes que querem se aprofundar no tema da morte e ressurreição de Cristo. O livro é indicado para todo crente que procura adquirir um conhecimento mais aprofundado sobre o tema. Devido ao fato de que o livro é baseado numa série de mensagens de Carson, o texto possui um aspecto devocional e prático, uma mensagem calorosa, lúcida e perscrutadora, mas ao mesmo tempo não deixa de lado a rica exegese e a profundidade teológica que são características de D. A. Carson.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cansado(a) de Igreja?


Por Hermes Santos

Tem sido cada vez mais comum ouvir gente dizendo estar cansada de igreja. Acho que entendo a que se referem aqueles que dizem isso: parecem estar cansados desse exercício cotidiano de autoritarismo por parte de alguns líderes, travestido de 'autoridade espiritual'; da corrupção do ministério cristão algures, por ter cedido às exigências da cultura 'gospel' e da religião de mercado; da ignorância bíblico-teológica patente de alguns pregadores, alguns dos quais veiculados por grandes mídias; da prestidigitação em que se converteram alguns púlpitos evangélicos, verdadeira desgraça para a tradição cristã; etc.

Pra começar, então, imagino que não se refiram ao conceito de igreja, segundo o NT, a chamada "ekklesia" (para o latim "ecclesia" > port. igreja), isto é, comunidade dos santos, lugar por excelência onde se experimenta a vida cristã, aprimoram-se os dons (para serviço), e se corrobora para a formação do caráter propriamente cristão. Mas acredito que, por desespero ou por falta de paciência, alguns têm - como diz o adágio - "jogado a água suja fora com o bebê dentro", ignorando as virtudes e a necessidade de permanecer em comunidade para o exercício da fé, vendo apenas o que há de ruim, ou podre mesmo. Nesse caso, sugiro uma correção do olhar. Penso, então, que neste caso "estar cansado da igreja" só pode significar "estar cansado" do outro, da vida comunitária, da partilha, do exercício interessado e desinteressado do amor. Com tudo o que implica se reunir com pessoas semiconhecidas, amigas ou não, a igreja nos ensina a salutar arte do convívio, regada pela graça de Deus. O exercício da fé fora de uma comunidade cristã consiste em pretexto para não amar e ser amado, com a exigência que nos faz de doar o que e quem somos para nossos irmãos e irmãs.

Não há lugar para abatimento e desistência no meio da caminhada; quem abraçou o discipulado insiste com a própria incapacidade de acolhimento e luta contra as forças mundanas da dispersão. Busca remover os obstáculos à fé com a oração (nossa e a dos outros que nos suportam em amor), com a partilha, com a esperança de que o mundo se torne mais de Deus e menos nosso.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Modelos extraídos do ambiente- A casa na Igreja Primitiva




Extraído do Livro: Os primeiros Cristãos Urbanos- Wayne A.Meeks
Editora: Academia Crista/ Paulus


Os lugares de reunião dos grupos Paulinos , e provavelmente da maioria de outros grupos cristãos primitivos , eram casas particulares. Em quatro lugares das epistolas Paulinas comunidades especificas são designadas pela frase He kat`oikon ( + pronome possessivo ) ekklesia, que podemos tentar traduzir como “a assembleia na casa de fulano” 1 Cor 16:19, Rm 16:5 etc...
Uma íntima conexão com casas existentes também é sugerida por 1 Cor 1:16, onde Paulo diz que batizou a [ casa oikos ] de Estéfanas , e depois , na mesma carta 1Cor 16:15 , onde se recomenda a casa [ oikia ] de Estéfanas como sendo as primícias da Acaia, cujos membros se dedicaram ao serviço dos santos.
A conversão de alguém “com toda a sua casa”é mencionada varias vezes no livro de atos dos Apóstolos também. As epistolas igualmente mencionam outros grupos , não necessariamente fundado por membros do circulo Paulino , que são identificados pelas casas de Aristóbulo e Narciso (Rm 16:10). As listas em Rm 16:14s de Asincrito , Flegonte , Hermes, Pátrobas e Hermas; Filólogo, Júlia , Nereu e sua Irmã ; e Olimpas provavelmente representam membros de outras três casas de Cloé (1Cor 1:11) e até na casa de Cesar (Fl 4:22). A estrutura local dos grupos cristãos primitivos estava assim ligada ao que comumente era encarado como a unidade básica da sociedade.
A frase kat`oikon não designa simplesmente o lugar em que a ekklesia se reunia , embora as traduções mais comuns costumem ser “a igreja na casa de fulano”. Para isso, em oiko seria a expressão mais natural ( ver 1 Cor 11:34, 14:35). E mais: Paulo provavelmente uma kat`oikon para distinguir esses grupos baseados em casas individuais da igreja inteira (hole He ekkelsia), que podia também reunir-se ocasionalmente( 1 Cor 14:23, Rm 16:23, 1 Cor 11:20 ), ou das manifestações ainda mais amplas do movimento cristão , para as quais ele usaria o mesmo termo ekklesia.
A kat`oikon ekklesia é assim a célula básica do movimento cristão , e seu núcleo era muitas vezes uma casa existente. Como vimos anteriormente , a casa era muito mais ampla do que a família nas sociedades ocidentais modernas, incluindo não só parentes próximos , mas também escravos, libertos , trabalhadores contratados e , algumas vezes , atendentes e parceiros no comercio ou na profissão.
No entanto , a kat`oikon ekklesia não era simplesmente a casa onde as pessoas se reuniam para oração; ela não correspondia rigorosamente aos limites da casa. Outras relações preexistentes , como operações comerciais comuns, também são sugeridas nas fontes e, certamente , novos convertidos deviam ter sido acrescentados ás comunidades existentes na casa. Alem do mais , havia grupos formados nas casas dirigidas por não cristãos , como no quadro mencionado em Rm 16:10,11,14,15 , sem citar a família caesaris. Inversamente , nem sempre todos os membros de uma casa se tornavam cristãos quando o seu chefe se convertia ao cristianismo , como o caso de Onésimo mostra .
O numero de tais assembléias em casa realizadas em cada cidade deve ter variado de um lugar para outro e de uma época para outra, mas podemos afirmar que havia ordinariamente várias em casa local. Em Corinto, por exemplo, Paulo dá especial importância á casa de Estéfanas , como já vimos. O livro dos Atos menciona, além de Áquila e Prisca , que logo se mudaram , Tito Justo que hospedou Paulo, e a conversão de toda a casa de Crispo, At 18:10. Gaio, antes de hospedar...toda a igreja Rm 16:23, provavelmente hospedou um dos grupos de casa. A assembléia domestica na casa de Filemon aparentemente não incluía toda igreja de Colossas ; o mesmo devia acontecer com a assembléia que se reunia na casa de Ninfa, não a única em Laodiceia Cl 4:15.
A adaptação dos grupos cristãos á casa acarretava certas implicações tanto na estrutura interna dos grupos quanto para seu relacionamento com a sociedade mais ampla. O novo grupo era . portanto, inserido numa rede de relacionamentos já existentes ou superpostos a ela, esses relacionamentos eram de cunho tanto interno- parentesco, clientela e subordinação -, quanto externo – laços de amizade e talvez ligações decorrentes da ocupação ou profissão .
A casa como local de encontro , propiciava alguma privacidade , certo grau de intimidade e estabilidade de lugar. Todavia , ela também gerou o potencial para o surgimento de facções dentro do corpo cristão de uma cidade. Podia bem ser que as facções incipientes a que Paulo se dirigia em 1Cor 1-4 estivessem baseadas em diferentes casas.
O contexto da casa também provocou alguns conflitos mo exercício do poder e na interpretação das funções na comunidade . O chefe da casa , segundo as expectativas normais da sociedade , deveria exercer alguma autoridade sobre o grupo e deveria ter alguma responsabilidade legal sobre ele. A estrutura do oikos era hierárquica e o pensamento político e moral contemporâneo encarava a estrutura das funções superiores e inferiores como sendo básica para o bem estar de toda sociedade.
A centralidade da casa tem implicação posterior para entendermos a missão Paulina: ela mostra como são inadequadas nossas concepções individualistas modernas de evangelização e conversão. Se a casa existente era a célula básica da missão, então deduzimos que os motivos básicos para alguém passar a integrar a ekklesia provavelmente variaria de um membro para outro. Quando uma casa se convertia ao cristianismo mais ou menos em bloco, nem todos os que adotavam as novas praticas faziam-no com o mesmo grau de compreensão e de participação . A solidariedade social deveria ser mais importante para persuadir alguns membros a serem batizados do que o seriam a compreensão ou as convicções sobre crenças especificas. Qualidades e graus diferenciados de compromisso com o grupo no principio não seriam de admirar.