sexta-feira, 9 de julho de 2010

Deus mandou matar? Por Eduardo Vaz


Quatro pontos de vista sobre o genocídio Cananeu .







Confesso que há muito tempo queria ler um livro com essa temática. Após discussões que vinha tendo com o amigo Eliel Vieira, descobrimos que existia literatura no meio cristão protestante que tratava do assunto mais a fundo.

Vale ressaltar que esse livro na verdade é um debate entre quatro eminentes teólogos de diferentes escolas, o que faz com que ganhe contornos e desdobramentos interessantíssimos no decorrer de cada apresentação.

O primeiro a desenvolver sua linha de pensamento é o teólogo C. S. Cowes, apresentando a descontinuidade radical, onde parte da análise de que a leitura do Velho Testamento deve ser feita através de Cristo, e sendo assim, deve-se entender que Deus mesmo não mandou tal genocídio, pois seria uma total aversão aos mandamentos pelos quais Cristo permeou seu ministério, como: amar os inimigos, salvar a todos, pagar o mal com o bem, dar a face, andar a segunda milha e etc. Sendo assim, Cowes afirma que Jesus é a verdadeira leitura do velho testamento, e que tais atos, eram na verdade uma leitura humana dos lideres de Israel. Confesso que tenho problemas com tal análise, mas afirmo que ela foi muito bem amarrada por Cowes.

Terminada a primeira apresentação, segue-se que cada participante comenta o estudo apresentado e faz suas ponderações prós, e contras.

Eugene H. Merrill é o segundo teólogo a fazer sua apresentação. Ele defende a descontinuidade moderada. Merrill, a meu ver, deu um bom panorama histórico e espiritual do que podemos chamar de “Guerra de Javé”, sendo bem preciso nos aspectos mais propositais dos intentos Divinos com tais ordenanças em casos específicos. O que mais achei interessante, é que mesmo fazendo uma abordagem exegética maravilhosa, Merrill apresenta o tema e diz ser de difícil compreensão, apelando para o caráter de Deus como solucionador, e admite o fato de não ter respondido o anseio mais profundo das questões ligadas à moral.

Daniel Gard apresentou o que foi chamado de continuidade escatológica. Apesar de interessante, não conseguiu desenhar de forma clara e contundente suas idéias, o que prontamente foi observado por Cowes, que mostrou alguns dilemas que ainda ficavam. Apesar de tudo, Gard apontou o que seria a melhor explicação de todas, ou seja, o estudo apresentado pelo Teólogo Tremper Longman III.

Longman foi de longe o mais lúcido e que teve mais sucesso exegético a meu ver. Conseguindo o que Gard não conseguiu, Longman mostrou que de fato o Novo Testamento é sim uma continuidade do Velho, mas que no que tange ao Herem, ou, guerra de Javé, há uma descontinuidade, sendo que a guerra nos tempos da nova aliança era moldada não mais em guerra física, mas espiritual. Nota-se no decorre do texto, que Longman teve muito sucesso e conseguiu o que nenhum dos outros três antes tinha conseguido, ou seja, dar sentido a continuidade do V.T. para o N.T. mostrando que Deus era o mesmo em todos os períodos.

Posso concluir apelando para que, todos interessados nesse tipo de problemática, leiam essa grande obra em forma de discussão e debate. É de fato enriquecedora e abrangente num sentido mais amplo.

Por Eduardo Vaz

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